Concert Review: Xutos & Pontapés (+ Unified Theory) ao vivo em Corroios

Posted by prla1983 on August 27, 2005 • 0 commentsEmail This Post

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Poucos dias depois de um amigo me ter introduzido aos portugueses Unified Theory tive imediatamente a oportunidade de os apanhar ao vivo (relativamente) perto, nas Festas de Corroios, e logo a fazer a primeira parte dos grandes Xutos & Pontapés.

Primeiro que nada há que louvar os Xutos e juntar mais uns pontos à já enorme consideração que tenho por eles não só por fazerem os possíveis e impossíveis para manterem o espírito ROCK vivo neste país durante os últimos 26 anos mas igualmente por ajudarem a dar alguma "boa imprensa" a bandas Portuguesas como é o caso dos Unified Theory. É que há tão pouca gente a fazer pelo Rock em Portugal que isto vem como uma enorme lufada de ar fresco e que fala bem alto ao coração de nós que fazemos N kilómetros (é melhor não dizer o N que já fiz este ano senão chamam-me maluco) por esta música.

Unified Theory

Os Unified Theory tomaram então o palco de assalto por volta das dez horas da noite com uma intro tape misteriosa que explica um pouco do nome da banda para logo se lançarem na única faixa que eu já conhecia bem, "Change". Como é evidente, a produção de palco não era muito... produzida mas a verdade é que o quinteto da margem sul preencheu muito bem o seu espaço e animou (provavelmente de surpresa) a esmagadora maioria das pessoas que ali estavam para ver Xutos. O momento alto do set surgiu naturalmente com uma brilhante cover de Survivor, "Eye of the Tiger", som que se tornou mítico por fazer parte da banda sonora do Rocky, mas que os Unified Theory se encarregaram de refrescar (e muito!) com um arranjo completamente diferente e estendido ao vivo.

Daí para a frente tocaram mais três ou quatro originais, todos eles bastante progressivos, algo técnicos (sobretudo nos solos de guitarra) e pouco usuais no panorama musical deste país (takes balls to play this!). No final, a conclusão é que valeu bem a pena fazer os mais de 100 Km para os ver e esperar que tenham a sorte e o empenho necessário para continuar e ganhar mais visibilidade. O talento parece-me bem que está lá.

"Os Xutos são sempre os Xutos"
A atracção principal da noite e razão pela qual 99% das pessoas estavam no anfiteatro natural das Festas de Corroios era naturalmente os Xutos & Pontapés. Depois de atingirem a bonita marca de 25 anos de carreira em 2004, os Xutos continuam a editar discos e estão agora em tour pelo país a apresentar o mais recente trabalho, "Três Desejos".

A verdade é que às canções mais recentes que preencheram cerca de dois terços do set de Xutos falta garra, sentimento e chama. Isso notou-se ontem à noite em Corroios e é inegável. A questão com esta banda é que os clássicos suplantam claramente esse aspecto e canções como "Gritos Mudos", "Hás-de Ver", "Dia de S. Receber" e "À Minha Maneira" foram momentos altos da noite e serão sempre imagens de marca dos grandes Xutos e que me fizeram berrar as letras sem parar.

Outro dos momentos interessantes da noite foi um pequeno interregno no espectáculo que serviu para o Zé Pedro trocar de roupa e vestir uma t-shirt hilariante em tudo igual ao fato amarelo e negro de Beatrix Kiddo (em homenagem a Bruce Lee) mas que dizia Kill Bush em vez de Kill Bill. Foi talvez o pretexto para se lançar num discurso de revolta contra os políticos "regionais, nacionais e mundiais" e alertando para todos tomarmos as nossas opções. No caso dos Xutos a opção já foi tomada e "preferimos a liberdade à submissão" o que foi o mote perfeito para se lançar de imediato na espectacular e velhinha "Submissão", por ele próprio cantada. E que, diga-se, é provavelmente uma das minhas canções preferidas, simbolizando bem o que os Xutos significam e sempre hão-de signifcar.

Uma noite boa passada em Corroios, com mais gente a assistir do que seria de prever, com uns Unified Theory a mostrarem que o progressivo em Portugal nao pode nem deve ser tabu e os Xutos a continuarem a dizer "Presente".

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